domingo, 22 de agosto de 2010

Napoleon Hill - Clique na imagem para ampliá-la.





"Ó Divina Providência, eu não peço por mais riqueza, mas por mais sabedoria, com a qual eu farei um uso mais sábio da riqueza que Você me deu ao nascer, que consiste no poder de controlar e dirigir a minha própria mente para quaisquer fins que eu desejar.”

Napoleon Hill

O grande "Eu Sou" (Túllio Carvalho) - Clique na imagem para ampliá-la.

Ele é o grande "Eu Sou” que eu ainda não sei.
Estou ignorante do Todo e seu tudo.


sexta-feira, 30 de julho de 2010

"Movimento Black Soul" - Praça 7 - Belo Horizonte - MG - Video by Túllio Carvalho


James Brown está vivo !

"Se meu jardim der flor" - Photo by Túllio Carvalho (clique na imagem para ampliá-la)


Se meu jardim der flor

Boca Livre


Composição: Zé Renato/Xico Chaves
Se meu jardim der flor
colori em mim a saudade
No meio dessa cidade
que a manhã clareou
Virá um beija-flor
aqui ali sem pousar
E vai entrar nos meus olhos
só pra te encontrar
Dê asas ao amor
que vive dentro de todo bom coração
Pro mundo ser mais bonito
em cada palmo de chão.

"Monumento à Civilização Mineira" (obra do escultor italiano Giulio Starace) - Praça da Estação - Belo Horizonte - MG - Photo by Túllio Carvalho (clique na imagem para ampliá-la).


“…pois Minas é muitas. São, pelo menos, várias Minas.”
JOÃO GUIMARÃES ROSA

"Anunciação" - Photo by Túllio Carvalho (clique na imagem para ampliá-la)




ANUNCIAÇÃO


Alceu Valença
A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais...
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A TAÇA DO PT - Jornais O GLOBO e O ESTADO DE SÃO PAULO





    A TAÇA DO PT
     O horrendo logotipo da próxima Copa do Mundo que ocorrerá no Brasil, apresentado pelo presidente Lula na África do Sul, no qual aparecem três mãos ávidas se apossando da taça de ouro, ladeadas pelo número 2014 num destoante tom vermelho idêntico ao da estrela símbolo do Partido dos Trabalhadores (PT), em vez de representar o espírito fraterno e universal que deve reger a mais importante competição esportiva do planeta, parece representar o nefasto espírito de conluio e apropriação da coisa pública que rege os governos petistas, especialmente o federal.
     Ao ver o pavoroso logotipo logo imaginei um bando de petistas, com um sorriso de escárnio no rosto, cantando a seguinte paródia musical: "A taça de ouro é só nossa, com o PT não há quem possa".




Túllio Marco Soares Carvalho - O GLOBO (jornal),  9/07/2010- O ESTADO DE SÃO PAULO (site), 11/07/2010

RIR É O MELHOR REMÉDIO !



Chá da tarde

Três senhoras muito velhinhas se reúnem para o chá da tarde. 
– Puxa, acho que estou ficando esclerosada – comenta uma delas. – Ontem eu me peguei com a vassoura na mão e não me lembrava se já havia ou não varrido a casa. 
– Isso não é nada – diz a outra. – Outro dia eu me vi de pé, ao lado da cama, de camisola, e não sabia se tinha acabado de acordar ou se estava me preparando para dormir. 
– Cruzes! – fez a terceira. 
– Deus me livre de ficar assim! Isola! – e deu três batidinhas na mesa: “toc-toc-toc.” 
Olhou para as outras e emendou: 
– Esperem um pouco que eu já volto! Tem gente batendo na porta!

RIR É O MELHOR REMÉDIO !

O falecido
O velho acaba de morrer. O padre encomenda o corpo e se rasga em elogios:
- O finado era um excelente cristão, um pai exemplar!
A viúva, então, vira para um dos filhos e lhe diz ao ouvido:
- Vá até o caixão e veja se é mesmo o seu pai que está lá dentro!

"PALAVRAS E CORES" - UM TESTE DESAFIADOR ! (clique na imagem para ampliá-la).

"PALAVRAS E CORES" - UM TESTE DESAFIADOR !




CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - "Inocentes do Leblon" (clique na imagem para ampliá-la).

    Inocentes do Leblon
    Carlos Drummond de Andrade
Os inocentes do Leblon
não viram o navio entrar.
Trouxe bailarinas?
trouxe imigrantes?
trouxe um grama de rádio?
Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram,
mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam nas costas, e esquecem.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

"Você é pipoca ou piruá ?" - Rubem Alves




"Você é pipoca ou piruá ?"
Rubem Alves

A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser.
O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
O milho de pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer.
Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre. 
Assim acontece com gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira.
São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só elas não percebem. Acham que é o seu jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor.
Pode ser o fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego, ficar pobre.
Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo. Sem fogo, o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação. Pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer.
Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo do que ela é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: Bum! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, com que ela mesma nunca havia sonhado.
Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria a ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo. 
E você o que é? Uma pipoca estourada ou um piruá?

JORNAL DO BRASIL - 07 DE JULHO DE 2010 - (clique na imagem para ampliá-la).


O vice de Serra

Pero Vaz de Caminha, em trecho da “Carta de achamento do Brasil”, endereçada ao Rei de Portugal, dom Manuel, ao descrever os índios que viviam na costa brasileira, ressaltou que “não pôde deles haver fala nem entendimento que aproveitasse”.
     Ao término da campanha à Presidência, tomara que o eleitorado não venha a tomar emprestadas algumas das palavras do escrivão da armada ao se referir a Índio da Costa, o vice de José Serra.


Túllio Marco Soares Carvalho - Jornal do Brasil - 07 de julho de 2010

City of Belo Horizonte - "Pirulito da Praça Sete" - Belo Horizonte - MG - Photo by Túllio Carvalho (clique na imagem para ampliá-la).

"PIRULITO DA PRAÇA SETE"



FOLHA DE SÃO PAULO - 30 DE JUNHO DE 2010

Desaparecidos




     Tomara que a enorme, dedicada e competente força tarefa da Polícia Civil de Minas Gerais que está empenhada em esclarecer o midiático caso do desaparecimento de Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno, do Flamengo, seja doravante também utilizada para esclarecer os outros 1.022 casos de cidadãos atualmente desaparecidos no Estado de Minas (alguns há décadas), conforme pode ser comprovado em www.desaparecidos.mg.gov.br. 


     As milhares de famílias que choram angustiadamente a ausência dos seus entes queridos agradecerão.




TÚLLIO MARCO SOARES CARVALHO

Jornal FOLHA DE S. PAULO - 30/junho/2010

City of Belo Horizonte - Cine Brasil - Belo Horizonte - MG - Photo by Túllio Carvalho (clique na imagem para ampliá-la).

CINE BRASIL



"OVNI" - Photo by Túllio Carvalho (clique na imagem para ampliá-la).

"OVNI"



City of Belo Horizonte - Cine Brasil - Belo Horizonte - MG - Photo by Túllio Carvalho (clique na imagem para ampliá-la).

CINE BRASIL



"ÁRVORE" - Photo by Túllio Carvalho (clique na imagem para ampliá-la).

"ÁRVORE"



City of Belo Horizonte - Viaduto de Santa Tereza - Belo Horizonte - MG - Photo by Túllio Carvalho (clique na imagem para ampliá-la).

VIADUTO DE SANTA TEREZA



segunda-feira, 5 de julho de 2010

COMO FAZER UM PÁSSARO "TSURU" EM ORIGAMI (Clique na imagem para ampliá-la).

"TSURU" - ORIGAMI PASSO A PASSO.

A VELHA A FIAR




Uma espécie de “avô do videoclipe”, de 1967, do cineasta mineiro Humberto Mauro (divertidíssimo !).

Clique no link abaixo:


A VELHA A FIAR

Intérprete: Trio Irakitan

Estava a velha em seu lugar
Veio a mosca lhe fazer mal
A mosca na velha e a velha a fiar

Estava a mosca em seu lugar
Veio a aranha lhe fazer mal
A aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar

Estava a aranha em seu lugar
Veio o rato lhe fazer mal
O rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar

Estava o rato em seu lugar
Veio o gato lhe fazer mal
O gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar

Estava o gato em seu lugar
Veio o cachorro lhe fazer mal
O cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar

Estava o cachorro em seu lugar
Veio o pau lhe fazer mal
O pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar

Estava o pau em seu lugar
Veio o fogo lhe fazer mal
O fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar

Estava o fogo em seu lugar
Veio a água lhe fazer mal
A água no fogo, o fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar

Estava a água em seu lugar
Veio o boi lhe fazer mal
O boi na água, a água no fogo, o fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar

Estava o boi em seu lugar
Veio o homem lhe fazer mal
O homem no boi, o boi na água, a água no fogo, o fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar

Estava o homem em seu lugar
Veio a mulher lhe fazer mal
A mulher no homem, o homem no boi, o boi na água, a água no fogo, o fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar

Estava a mulher em seu lugar
Veio a morte lhe fazer mal
A morte na mulher, a mulher no homem, o homem no boi, o boi na água, a água no fogo, o fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar

segunda-feira, 28 de junho de 2010

QUE DEUS É ESTE ?

Para ser lido sem a interferência de nenhum ranço petista, tendo em vista a notória ojeriza do autor (com razão) a tudo aquilo que representa, hoje, o Partido dos Trabalhadores. Aliás, o texto não tem nada haver com o PT. É um texto profundamente cristão e ético.

Que Deus é este?
Reinaldo Azevedo
www.veja.com.br/reinaldo

"Em Auschwitz, no Gulag ou em Darfur, vê-se, sem dúvida,
a dimensão trágica da liberdade: a escolha do Mal. E isso
quer dizer, sim, a renúncia a Deus. Mas também se
assiste à dramática renúncia ao homem"
Boa parte das nações e dos homens celebra, nesta semana, o nascimento do Cristo, e uma vez mais nos perguntamos, e o faremos eternidade afora: qual é o lugar de Deus num mundo de iniqüidades? Até quando há de permitir tamanha luta entre o Bem e o Mal? Até Ele fechou os olhos diante das vítimas do nazismo em Auschwitz, dos soviéticos que pereceram no Gulag, da fome dizimando milhões depois da revolução chinesa? E hoje, "Senhor Deus dos Desgraçados" (como O chamou o poeta Castro Alves)? Darfur, a África Subsaariana, o Oriente Médio... Então não vê o triunfo do horror, da morte e da fúria? Por que um Deus inerme, se é mesmo Deus, diante das "espectrais procissões de braços estendidos", como escreveu Carlos Drummond de Andrade? Que Deus é este, olímpico também diante dos indivíduos? Olhemos a tristeza dos becos escuros e sujos do mundo, onde um homem acaba de fechar os olhos pela última vez, levando estampada na retina a imagem de seu sonho – pequenino e, ainda assim, frustrado...
Até quando haveremos de honrá-Lo com nossa dor, com nossas chagas, com nosso sofrimento? Até quando pessoas miseráveis, anônimas, rejeitadas até pela morte, murcharão aos poucos na sua insignificância, fazendo o inventário de suas pequenas solidões, colecionando tudo o que não têm – e o que é pior: nem se revoltam? Se Ele realmente nos criou, por que nos fez essa coisa tão lastimável como espécie e como espécimes? Se ao menos tirasse de nosso coração os anseios, os desejos, para que aprendêssemos a ser pedra, a ser árvore, a ser bicho entre bichos... Mas nem isso. Somos uns macacos pelados, plenos de fúrias e delicadezas (e estas nos doem mais do que aquelas), a vagar com a cruz nos ombros e a memória em carne viva. Se a nossa alma é mesmo imortal, por que lamentamos tanto a morte, como observou o latino Lucrécio (séc. I a.C.)? Se há um Deus, por que Ele não nos dá tudo aquilo que um mundo sem Deus nos sonega?

Galeria Doria Pamphilj/divulgação


Vida e arte
As cenas das mulheres de Darfur fugindo com suas crianças, empurradas pela barbárie, remetem, é inevitável, à fuga de Maria e do Menino Jesus para o Egito, retratada por Caravaggio (1571-1610)

Evito, leitor, tratar aqui do mistério da fé, que poderia, sim, responder a algumas perplexidades. O que me interessa neste texto é a mensagem do Cristo como uma ética entre pessoas, povos e até religiões. Não pretendo, com isso, solapar a dimensão mística do Salvador, mas dar relevo a sua dimensão humana. O cristianismo é o inequívoco fundador do humanismo moderno porque é o criador do homem universal, de quem nada se exigia de prévio para reivindicar a condição de filho de Deus e irmão dos demais homens. É o fundamento religioso do que, no mundo laico, é o princípio da democracia contemporânea. Não por acaso, a chamada "civilização ocidental" é entendida, nos seus valores essenciais, como "democrática" e "cristã". Isso tudo é história, não gosto ou crença.
Falo das iniqüidades porque é com elas que se costuma contrastar a eventual existência de uma ordem divina. Segundo essa perspectiva, se o Mal subsiste, então não pode haver um Deus, que só seria compatível com o Bem perpétuo. Ocorre que isso tiraria dos nossos ombros o peso das escolhas, a responsabilidade do discernimento, a necessidade de uma ética. Nesse caso, o homem só seria viável se isolado no Paraíso, imerso numa natureza necessariamente benfazeja e generosa. O cristianismo – assim como as demais religiões (e também a ciência) – existe é no mundo das imperfeições, no mundo dos homens. Contestar a existência de Deus segundo esses termos corresponde a acenar para uma felicidade perpétua só possível num tempo mítico. E as religiões são histórias encarnadas, humanas.
Em Auschwitz, no Gulag ou em Darfur, vê-se, sem dúvida, a dimensão trágica da liberdade: a escolha do Mal. E isso quer dizer, sim, a renúncia a Deus. Mas também se assiste à dramática renúncia ao homem. Esperavam talvez que se dissesse aqui que o Mal Absoluto decorre da deposição da Cruz em favor de alguma outra crença ou convicção. A piedade cristã certamente se ausentou de todos esses palcos da barbárie. Mas, com ela, entrou em falência a Razão, humana e salvadora.
Fé e Razão são categorias opostas, mas nasceram ao mesmo tempo e de um mesmo esforço: entender o mundo, estabelecendo uma hierarquia de valores que possa ser por todos interiorizada. As cenas das mulheres de Darfur fugindo com suas crianças, empurradas pela barbárie, remetem, é inevitável, à fuga de Maria e do Menino Jesus para o Egito, retratada por Caravaggio (1571-1610) na imagem que ilustra este texto – o carpinteiro José segura a partitura para o anjo. As representações dessa passagem, pouco importam pintor ou escola, nunca são tristes (esta vem até com música), ainda que se conheça o desfecho da história. É o cuidado materno, símbolo praticamente universal do amor de salvação, sobrepondo-se à violência irracional que o persegue.
Nazismo, comunismo, tribalismos contemporâneos tornados ideologias... São movimentos, cada um praticando o horror a seu próprio modo, que destruíram e que destroem, sem dúvida, a autoridade divina. Mas nenhum deles triunfou sem a destruição, também, da autoridade humana, subvertendo os valores da Razão (afinal, acreditamos que ela busca o Bem) e, para os cristãos, a santidade da vida. Todas as irrupções revolucionárias destruíram os valores que as animaram, como Saturno engolindo os próprios filhos. O progresso está com os que conservam o mundo, reformando-o.
Pedem-me que prove que um mundo com Deus é melhor do que um mundo sem Deus? Se nos pedissem, observou Chesterton (1874-1936), pensador católico inglês, para provar que a civilização é melhor do que a selvageria, olharíamos ao redor um tanto desesperados e conseguiríamos, no máximo, ser estupidamente parciais e reducionistas: "Ah, na civilização, há livros, estantes, computador..." Querem ver? "Prove, articulista, que o estado de direito, que segue os ritos processuais, é mais justo do que os tribunais populares." E haveria uma grande chance de a civilização do estado de direito parecer mais ineficiente, mais fraca, do que a barbárie do tribunal popular. Há casos em que é mais fácil exibir cabeças do que provas. A convicção plena, às vezes, é um tanto desamparada.
Este artigo não trata do mistério da fé, mas da força da esperança, que é o cerne da mensagem cristã, como queria o apóstolo Paulo: "É na esperança que somos salvos". O que ganha quem se esforça para roubá-la do homem, fale em nome da Razão, da Natureza ou de algum outro Ente maiúsculo qualquer? E trato da esperança nos dois sentidos possíveis da palavra: o que tenta despertar os homens para a fraternidade universal, com todas as suas implicações morais, e o que acena para a vida eterna. O ladrão de esperanças não leva nada que lhe seja útil e ainda nos torna mais pobres de anseios.
O cristianismo já foi acusado de morbidamente triste, avesso à felicidade e ao prazer de viver, e também de ópio das massas, cobrindo a realidade com o véu de uma fantasia conformista, que as impedia de ver a verdade. Ao pregar o perdão, dizem, é filosofia da tibieza; ao reafirmar a autoridade divina, acusam, é autoritário. Pouco afeito à subversão da autoridade humana, apontam seu servilismo; ao acenar com o reino de Deus, sua ambição desmedida. Em meio a tantos opostos, subsiste como uma promessa, mas também como disciplina vivida, que não foge à luta.
Precisamos do Cristo não porque os homens se esquecem de ter fé, mas porque, com freqüência, eles abandonam a Razão e cedem ao horror. Sem essa certeza, Darfur – a guerra do forte contra o indefeso, da criança contra o fuzil, do bruto contra a mulher –, uma tragédia que o mundo ignora, seria ainda mais insuportável.

sábado, 26 de junho de 2010

AMULETOS




Amuletos

Portugal, capitaneado por Pedro Álvares Cabral, descobriu o Brasil. E o Brasil, capitaneado por Dunga, pelo que se viu na bisonha partida contra Portugal, apesar da classificação, ainda não descobriu o que é jogar futebol. Haja figa, fita do Senhor do Bonfim, pé de coelho, patuá, trevo de quatro folhas e galho de arruda para trazer sorte a esta seleção. Pelo feio futebol visto, talvez o melhor amuleto seja a ferradura. Por via das dúvidas, que a torcida proclame em uníssono: "Pé de pato, mangalô, três vezes!"

TÚLLIO MARCO S. CARVALHO

Jornal SUPERNOTÍCIA - 26/06/2010
Jornal O ESTADO DE S.PAULO - 27/06/2010

Morte e vida nordestina




Morte e vida nordestina

Essa destruição em que estás, com evitável inundação acontecida, é o desprezo maior que recebeste em vida. É de tal modo tacanho, tão amargo e tão vagabundo o pedaço destruído que te coube neste politiqueiro mundo. Não é humilhação somente grande, é uma falta de prevenção homicida, é o esquecimento que não querias nesta sofrida vida. É uma tardia mobilização governamental e eleitoreiramente grande, para deixar qualquer um iracundo, mas continuarás valendo o pouco tanto que valias antes no mundo. É um dilúvio grande provocado por recurso ministerial parco, porém esqueceste que no mundo não se pode viver em letargo. É o fruto do assistencialismo grande para tua dignidade que foi pouca, pois diante da mera "Bolsa-Família" dada não se abriu para reclamar a tua contentada boca.


Túllio Marco Soares Carvalho - Jornal CORREIO BRAZILIENSE - 26/06/2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Jornal O TEMPO





Gol

Túllio Marco Soares Carvalho
Professor e advogado
Bairro Santa Tereza

Kafunga, folclórico goleiro do Clube Atlético Mineiro nas décadas de 30 a 50, afirmava que, "no Brasil, o errado é o certo, e o certo é o errado". A vibração da quase totalidade da torcida brasileira pelo gol ilegal marcado por Luís Fabiano na vitória do Brasil sobre a Costa do Marfim, que mais pareceu uma jogada de vôlei, prova que o atleticano tinha razão. É hipócrita o indivíduo que enche a boca para falar contra a corrupção na política, mas, ao mesmo tempo, endossa (e até mesmo pratica) outros tipos de corrupção.

Jornal O TEMPO – 24 de junho de 2010

Jesus - charge de Reinaldo (clique na imagem para ampliá-la).

O VAGALUME E O SAPO (clique na imagem para ampliá-la).





O VAGALUME E O SAPO


Entre o gramado do campo
Modesto, em paz se escondia
Pequeno pirilampo
que, sem o saber, luzia.

Feio sapo repelente
Sai do córrego lodoso,
Cospe a baba de repente
Sobre o insecto luminoso.

Pergunta-lhe o vagalume:
- "Porque me vens maltratar?"
E o sapo com azedume:
- "Porque estás sempre a brilhar!"

João Ribeiro (1860-1934)
Grande fabulário do Brasil

Prece para o final da tarde





Prece para o final da tarde
Ricardo Gondim


Meu Deus,
Cheguei onde cheguei carregando minha mochila com momentos bons e de pranto. Foi somando tais momentos que me vi expulso de uma zona de conforto mentirosa. Quebraram o aquário onde eu me sentia abrigado. De repente, fui jogado no ribeiro e forçado a nadar em águas tumultuadas. Aprendo a me desviar das rochas. Evito as cascatas.
Não, Senhor, não estou amargurado. Não guardo rancor dos belicosos que me estapearam. Das fossas, percebi que posso me despir das fantasias grandiosas que me escondiam de mim. Tu tens um jeito delicado de limpar as nódoas mal cheirosas que encardem a pele da gente.
Ensina-me a contar os dias que não existem, e que nem sei se viverei. Por enquanto, só preciso de ajuda para tirar do alforje coisas boas e ruins, o material de minha esperança.